segunda-feira, 12 de março de 2012

O primeiro dia de aula...


O primeiro dia de aula é sempre uma descoberta boa. Mesmo quando se sai da graduação em busca da pós. No meu caso, o primeiro dia de aula no mestrado não teve sabor de novidade pois eu já a havia assistido como aluna especial há um ano. Com algumas ressalvas o conteúdo apresentado foi quase o mesmo do ano anterior. Só que desta vez, eu estava lá como aluna matriculada e não como especial, e  isso fez uma baita diferença. À caminho da PUC me atrasei um pouco em função do T9 ter passado reto pela minha parada. Acho que da próxima vez vou ter que me jogar na frente do ônibus para eles me verem compartilhou uma moça que presenciou a cena em tom de protesto. Como era de se esperar, logo apareceu o carro que me levaria a chegar 10 minutos atrasada no meu primeiro dia de aula na Universidade aqui em POA. Eu gostei demais de retornar a atmosfera acadêmica, sentir o aroma dos cadernos se abrindo novamente, ouvir aquele burburinho habitual dos corredores e sentar na classe. Há como é legal ficar ouvindo alguém que já estudou um bocado partilhar de seus conhecimentos e experiências. Eu me motivo com a novidade que nasce e permanece em cada entrelinha, em um texto ou vídeo ou mesmo uma frase bem elaborada que me faça voar longe nos pensamentos. Quando me dei por conta já era fim de tarde, vi um resquício de sol se pondo na fresta de vidro entre o ar condicionado e a parede, e por falar em ar, eu fiquei com frio, caramba, se eu fosse de vidro juro que nessas épocas já teria trincado. Aos poucos o professor foi se despedindo e deixando os presentes livres para seguir seu rumo. O meu, já era certo, ônibus de novo. Atravessar a passarela em meio aquela muvuca só, encontrar um lugar adequado para esperar o carro que me levaria de volta e ficar observando aqueles "bixos" pagando mico pintados dos pés a cabeça, eu me negaria a fazer isso, brincadeira mais sem fundamento. Ao entrar no veículo, fui uma das primeiras, ouvi o que já era previsto, os "bixos" não podem sentar. Caramba, achei o máximo, sei que isso tem um tom perverso, mas eu sinceramente não vejo porque as pessoas gastarem um dia de seu início da vida acadêmica pedindo trocado na rua banhados a tinta guache e pasmem: com uma casca de banana no topo da cabeça. Se bem que isso suscita uma bela analogia, atualmente os bobos são os que se prestam para estudar, aí tem que pagar mico na avenida, pedir um troquinho para depois fazer uma festinha com os colegas regada a muita breja rsrsrs. Acho que o ínicio das aulas deveria ser incentivado com algo produtivo, essas atitudes são incoerentes, e não tenho conhecimento desse tipo de manifestação em outro país que não o Brasil, tudo bem que os Estados Unidos é famoso por seus calouros, mas as universidades americanas mesmo aquelas liberais pintadas nos filmes, são administradas pela mais alta cúpula conservadora, a sociedade americana. Eu viajei durante trinta minutos nas músicas que estavam na minha play list passando de Deadmau à Adele, Coheed and Cambria à Kate Nash, cantei navy taxi movimentando os lábios com uma certa vergonha, e enfim, desembarquei. Perto das 20h, já era noite, cortei caminho pelo shopping, dentro do elevador três senhoras perdidas desceram ao térreo certas de que estavam indo para o estacionamento e eu corri para chegar logo em casa e tirar os sapatos. Pude racionalizar a experiência, não que minha crônica tenha um que de letter of complain, mas eu fiquei imaginando, como seria tudo mais dinâmico se Porto Alegre tivesse um metrô, estilo underground. Quando precisei de transporte urbano veio à mente a maior referência no assunto, o sistema de transporte de Londres conhecido no mundo todo pela sua pontualidade e eficiência, fiquei relativizando o fato de vir a ser moradora de uma das cidades que vai sediar a copa, onde se constróem estádios, se fazem campanhas publicitárias exaltando os desportos, mas ao mesmo tempo, a parte destes investimentos em engenharia e comunicação, o transporte urbano continua deixando a desejar, e não são poucos que precisam dele para realizar suas atividades diárias. Ir à luta, contando os minutos sempre, ou para chegar à tempo a algum destino, ou para chegar logo em casa.

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