sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Demorei algumas semanas ( meses) para retornar. Entre idas e vindas à Porto Alegre nestes últimos dias, enfim posso dizer que me entreguei as férias. Fazendo um balanço geral do ano, posso dizer que foi realmente bem trabalhoso! Mais propriamente dito no que se refere ao ato de fazer, refazer, montar, desmontar. A vida é um eterno jogo de montar e desmontar, só que com tanta agilidade, tanta instantaneidade a gente acaba por desaprender um pouquinho como é este quebra-cabeça. Algumas ou muitas pessoas ainda não perceberam que vivem, pensam e agem de forma totalmente incompatível com os dias de hoje, e se elas o soubessem, talvez este ano teria sido menos " trabalhoso" e mais "fluído".  Quero dizer, você precisa estar munido para entender as mensagens que te enviam, escolher interfaces mais enxutas, optar pelo leve ao invés do pesado, dar uma mão quando as pessoas precisam de você e ao mesmo tempo falar no telefone e responder um email. São tantas tarefas nessa busca desenfreada por algo que ainda não se sabe o nome, ou por simplesmente, dinheiro, status, reconhecimento, conquistas e poder, que realmente falta tempo para reflexão. Então, agora que o sossego vem me fazer companhia, começo a reler certos capítulos de 2011, e com alívio, dou graças ao pai que este ano já se vai., mas por outro lado, um enorme sentimento de que eu fiz valer a pena paira pelo ar, a medida que constato que tudo depende absolutamente da vontade que você tem de mudar, ou de alcançar algo. De romper com a monotonia, com  rotinas de trabalho que não acrescentam muito além do esperado, passam longe do seu ideal de realização pessoal x profissional, e que fazem o ser humano se tornar mais bitolado do que já é. Rotinas repetitivas não preenchem nada além do que contas. Dar um salto sobre todas essas mediocridades mundanas e corriqueiras através do empenho, do verdadeiro envolvimento, do estudo, do esmero, é mesmo recompensante...Não posso negar que entre os mil pensamentos que palpitam sobre minha pauta diária, não sai da minha cabeça o enorme desejo de COMPRAR um vestido que experimentei há algumas horas. Posso até arriscar e dizer que mulheres em determinados períodos da vida tem nas compras uma droga potente como os homens quando buscam o ombro amigo em um copo de wisky. Todo aquele glamour, de vislumbrar seu corpo diante do espelho vestindo um pretinho básico, nem tão sóbrio e básico assim, que parece ter sido feito especialmente para você, se dissolve quando se percebe que está na hora de acordar. Não sei se o fato de poupar seria bem a palavra porque nosso passa tempo é correr atrás da máquina para poder realizar estes desejos de consumo.. Eu realmente fiquei intrigada com o fato te não ter levado as peças. Até agora estou revivendo aquele momento. É quase como um desafio não voltar na loja no outro dia...Eu definitivamente quero relativizar essa relação nem um pouco racional, tão poderosa,  que povoa o imaginário feminino de tal forma podendo ser desconcertante. Pelo menos agora depois de compartilhar, me sinto mais aliviada e desapegada a vontade de compra, ao desejo irrealizado de suplantar os medos e frustrações do dia a dia através da conquista de um bem que proporciona um sentimento breve de bem estar e auto realização, tão efêmero quanto a nossa existência e tão vazio quanto o desejo que o fundou.


Compartilho com vocês, 
Meu último trabalho de 2011. Trabalho com alma, com vontade, com envolvimento, não aquela coisa de mecânica de montar e desmontar....

Yasmin Dreifke veste Blue Way Dreams/ Make Yes Cosméticos.

O grande trunfo da cena é sem dúvida o Galaxie 69, objeto do colecionador Leonardo Simonato que cedeu o carro para o ensaio...